
Eu tenho muita coisa sobre mim pra te contar mas é tão difícil se definir na página inicial de um site, e assim, sem nem tomar um vinho antes!
Me peguei pensando: e se qualquer dia eu fico famosa, sou chamada pra uma entrevista e alguém me faz aquela fatídica pergunta “quem é você na fila do pão?”. Bem, aqui em São Paulo temos muitas filas de diversos tamanhos e qualidades que nos proporcionam muito tempo pra pensar em uma boa resposta.
A verdade é que durante a nossa vida temos muitas percepções diferentes de quem somos. Tudo depende do momento, da fase e de quantas tequilas você já tomou. O que posso dizer é que agora, no dia de hoje, tenho duas coisas pra falar sobre mim, dois aspectos muito diferentes – e nada me impede de mudar essa opinião amanhã ou depois e irritar um pouco quem recebe notificação de texto novo aqui no site.
A primeira, é que sou uma pessoa que vai muito bem sozinha. Sou introvertida de um jeito proveitoso, muito reflexiva sobre absolutamente tudo e consigo ter conversas muito esclarecedoras comigo mesma, que me colocam em um estado de calma e que me impedem de surtar diante de tantos pensamentos que me atravessam. Entendo que todos temos um lado mais interiorizado mas pra mim é realmente muito fácil viver dentro de um universo totalmente particular.
O outro aspecto que coexiste com essa minha introversão é uma necessidade absurda de me comunicar, agregar, trocar ideias e estar entre pessoas (sim, eu sofro com essa ambiguidade). Às vezes travo na fala e nas expressões faciais (dizem que quem é de capricórnio apresenta as mesmas expressões durante uma festa e um enterro), por isso escrevo, desenho e tento me transbordar através de códigos que saem pelos meus dedos.
Me comove entrar no mundo das outras pessoas, ficar muito loka de gin e apresentar umas às outras, criar situações em que elas interagem (essa frase ficou meio psicopata?), trocam, somam, se conectam. Gosto de assistir meu mundo e tudo o que eu sei (ou acho que sei) se desapegar de mim para viver em outros cotidianos.
Hoje sinto que minha necessidade de comunicação é com mulheres, e principalmente com aquelas que vivem nas grandes cidades sendo massacradas pela rotina corrida, pelas estruturas quase sempre patriarcais, pelas relações tóxicas que construíram e pela pressão de todos os lados. Existe um lugar de paz em cada uma delas e de alguma forma quero fazê-las entender mais sobre isso.
Esse site, meu trabalho com zines e ilustrações no @vamospravenus e meu projeto sobre a relação das mulheres com a cidade no @_mapadasminas são oportunidades que criei para me conectar com outras mulheres e construir uma história de força e afeto com elas.
Vamos juntas despertar nossas lobas nas selvas de pedra?
Com carinho,
Juli