Demorei pra vir aqui e me manifestar sobre esse assunto, porque não queria escrever mais do mesmo. Porque queria ver o que as pessoas iam dizer pra poder tirar alguma conclusão sobre tudo. Demorei pra fazer esse texto porque quis assimilar o que tava acontecendo e tentar acreditar que não era possível ser verdade.
A gente sabe que estupros acontecem todos os dias e o tempo todo, e infelizmente isso não nos choca. A gente sabe que mulheres são assediadas todos os dias e infelizmente isso é normal. Precisam 30 caras estuprarem uma mina pra gente começar a se assustar e pensar em discutir sobre o assunto. #bembad
Mas depois do que aconteceu e de tudo o que foi falado, uma coisa me intrigou: eu estava comentando sobre tudo isso com uma colega e ela disse que tinha ficado muito mal sobre o caso. Até aí ok. Mas logo depois, em uma outra conversa, essa mesma menina me mostrou fotos da nova amiga do namorado dela, julgando-a de todas as formas. Pela roupa, pelo comportamento, pelo jeito, pelo estilo de vida. “Acho ela meio puta.” – Ela disse.
E aí voltei ao meu estado normal de conformidade. O fato de ela vir me falar que outra garota é puta, explica muito sobre como as mulheres tratam umas às outras. Isso não explica o machismo – que deveria ter ficado junto com a internet discada do IG num passado longínquo – de maneira alguma, mas é uma das vertentes que alimenta esse problema gigante e ainda tão imaturo.
Se nós mulheres não nos apoiamos, não nos tratamos como irmãs, e nos chamamos umas às outras de PUTAS… O que vai ser de nós? O que vai ser das nossas vontades mais profundas? O que vai ser daquela sainha linda da Planet Girls que tá no precinho maneiro e combina com aquela sua blusa show, mas pode ser “mal vista” pelos olhos alheios?
Sei que o machismo tá todo encalacrado na sociedade das formas mais discretas e ordinárias possíveis, mas com muita dor no coração e tristeza nos olhos, posso dizer que também sinto que nós mulheres muitas vezes alimentamos esse machismo sem nem nos dar conta. E talvez essa seja a forma em que esse machismo “escondido” apareça de forma mais cruel.
Não é a primeira vez que vejo uma garota inconscientemente diminuindo outra, na esperança de convencer a si mesma – a sociedade e claro, os homens – de que ela é de alguma forma superior. Eu mesma já fiz isso, ha muito tempo atrás, quando lia matérias sobre como conquistar os homens e não tinha a menor informação sobre sororidade.
Será que a gente precisa ser superior? Ainda mais a outras garotas, que vivem os mesmos dramas diários que a gente?
Não, não precisamos de nada disso. Mesmo.
Não somos melhores que a outra por determinado comportamento, e não precisamos nos distanciar umas das outras. Ninguém é melhor do que ninguém. Não é falando que outra mulher é “puta” pra nos sentirmos superiores, que vamos chegar a algum lugar. Na verdade isso é uma grande ilusão. Chamando outra mina assim, estamos também cultivando a cultura do machismo dentro de nosso próprio ciclo, e já sabemos no que essa cultura costuma resultar. Em violência.
Chega! É hora de discutir e de acordar. Não somos rivais, não somos putas, somos todas juntas lutando pelos nossos direitos e pela nossa segurança.
#30ContraTodas
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